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  • Lucelia Oshiro
  • 29 de jul. de 2024
  • 2 min de leitura


Olá, eu sou a Lua! O luminar celeste no limiar terrestre.

Sou o caminho não conhecido, e o desconhecido no caminho.

 

Eu sou de fases, e te ilumino, te intimido, te abalo;

domino as águas, as marés, e sob meus pés

sementes são plantadas, casos são contados,

serenatas são cantadas, encontros são cancelados.

 

Sou a Lua crescente depois da nova, que renova o humor e depois transborda;

sou a lua cheia da colheita, a lua exuberante da vitória.

Sou a lua dos enamorados e das boas histórias.

Sou também a lua da cura, a fase que mingua as doenças da alma.

 

Sou a Lua que muda, mas que fala com o Tempo

ele me entende, e não me apressa; ele me deixa ser eu mesma.

Sou cheia de dúvidas, sou vazia de garantias

Toda gestação se faz no escuro – é uma caixinha de surpresas.

 

Eu sou aquela que reflete o sol; sou o disco que oscila do dourado ao opaco.

Sou muitas, e a mesma; sou sua companheira de incerteza.

Dizem que sou a insegurança, mas também sou a beleza.

Sou a precursora do Sol, e filha da Estrela.

 

Comigo, o caminho é invisível, minha luz é emprestada;

sou também vida passada; meu instinto já sabe o destino.

Entre temores e ousadias, dou voltas na imaginação;

caldeirão de mistérios, ciranda de magia, círculo de poetas, guardiã de multiversos.

 

Sou a Lua eclipsada, a interface do oculto,

a face revelada, o segredo e os disfarces.

Estou acostumada com a penumbra, as provações, e o improvável.

Mas estou farta das provocações: me julgam traiçoeira e instável.

 

Eu, a Lua, sou o momento da vida em que tudo é temporário

– na verdade, a vida toda é esse tempo raro.

Eu, a Lua, sou a raridade: o satélite que trombou com a Terra

o útero, a fertilidade, a ancestralidade.


E venho te ensinar que você não precisa enxergar o fim do caminho,

confia! 

Eu te desafio porque é na noite sombria que a luz se faz visível.

É no sombreado da cena que o segredo se apresenta.

 

Eu sou a Lua, sua força

de imaginar estradas diante do cascalho;

sua habilidade de sentir e dar sentido,

sua coragem de seguir em frente, mesmo andando de costas.

 
 
  • Lucelia Oshiro
  • 26 de jul. de 2024
  • 2 min de leitura


Eu sou a Estrela, a moça desnuda à beira do lago;

o reflexo do futuro, o refluxo do passado.

Sou a esperança, o brilho da cura

a lanterna do espaço, a espaçonave, a guiança.

 

Eu, a Estrela, sou muitas... e me multiplico,

no firmamento afirmo sua vitória:

há muitos caminhos possíveis agora.

Mas, antes, descansa.

 

Em mim, tudo flui, e sangue, suor e lágrimas são purificadas;

eu descarrego as toxinas, e te preparo para uma nova vida.

 

Sou o pontilhado que aponta o destino, a boa nova, o início e o indício

de que tudo está a caminho;

sou a estrela-guia dos Reis Magos (que, na verdade, eram astrólogos);

sou o sossego, o abraço, a lembrança do que está escrito.

Sim, está tudo escrito nas estrelas – mas você precisa ligar os pontos!

 

Sou a Estrela, estou anos-luz à frente.

Talvez, o brilho que você vê já tenha se apagado. É passado.

Por isso, também sou a saudade do que não aconteceu.

E, embora não tenha acontecido, continua existindo

na melancolia do sonho perdido, no suspiro arrependido.

O drama também tem sua beleza

– nem tudo tem um final feliz, mas tudo tem um fim,

e em tudo há uma felicidade - um ponto de luminosidade.

 

Eu, a Estrela, venho te dizer: tudo bem se arrepender:

se render a uma perda, repensar, dar ré no tempo

para não errar o mesmo erro novamente.

Erre novos erros! Porque, tudo bem errar:

aquilo que acaba, não é, necessariamente, um falha.

Faz parte. Tudo faz parte.

 

Eu sou a cura do que não deu certo, sou a chance de recomeçar.

Precisa despir-se dos artifícios e banhar-se na luz líquida do Amor Infinito.

Sou a benção, o oásis; o reparo necessário,

o momento que pede calma para um reaprendizado.


E eu te aconselho: espera um pouco.

Aguarde, guarda seu tempo, resguarde sua energia.

Não se apresse com a mente, não se antecipe ao tempo.

Não estresse seu corpo, e pare de retorcer seus sentimentos.

Tudo está alinhado: do Sol Central ao centro de Gaia, você é um pilar de luz.

Você pertence à grande constelação galáctica, você é parte do Todo.

Você, assim como eu: ponto de luz, porto de paz.

 
 
  • Lucelia Oshiro
  • 24 de jul. de 2024
  • 2 min de leitura

A Torre, A Casa de Deus, o dedo de Deus, o olho que tudo vê...

Podem me chamar como quiser – de qualquer modo, estou em ruínas.

Sou a estrutura falida que precisa ser destruída.

Destituída de utilidade ou beleza, fui construída sobre a vaidade;

desabafo a minha falsidade e, estrondosamente, desabo.

 

Sou a Torre, a ostentação, a arrogância, a altivez que não se sustenta.

Sou a construção oca que desmorona

sou o grito que ecoa no vazio de quem está cheio de si.

Sou a queda inevitável, de altura proporcional ao seu orgulho.

Sou a ruptura, a fenda, a rachadura, a quebra.

 

A saída é para dentro, e eu te empurro - para cair na real!

Nesse castelo de pedras sem escadas, você se viu aprisionado,

e a única porta é a janela: vai ter que pular, aprender a voar.

Saltar para se soltar dessa estrutura obsoleta,

contorcida, distorcida, mentirosa. Basta!

 

Sou a intenção de alcançar o céu, a Torre de Babel,

a pretensão frustrada, a expectativa caída,

a prepotência: potência antecipada, a imaturidade.

 

Sou o raio rasgando a tempestade escura, a temida claridade que ilumina o erro.

Sou o lampejo cortante e cirúrgico, mas também

a cicatriz que estanca o sangramento.

 

Eu, a Torre, sou a prisão ou a masmorra, o sótão que amedronta.

Sou o baú de memórias soterrado no esquecimento,

a frieza e a certeza do mármore sobre o túmulo.

 

A vida já te deu o alerta, não é de hoje que te disse “não”.

Mas você teimou; o limite estava claro, e você não o ultrapassou:

– você se enclausurou!  

 

Sou a Torre, o momento em que a vida te faz sair do castelo, e te lembra:

você não é rei! A máscara cai e a consciência desperta.

Dói, mas é necessário: você não é mais criança, embora ainda seja infantil.

Infantil é quem ainda não sabe falar.

Infante infantil, precisa aprender a dar nome às coisas que desconhece

para reconstruir um reino que faça sentido.


Paredes e muros caíram por terra, e o que sobra são sombras e escombros.

Esconder o problema não vai fazê-lo desaparecer; é a vida te chamando para crescer: esse lugar ficou pequeno para você.

Eu sou a Torre, sou do tamanho do seu ego,

mas pequena demais para seu talento.

 

Sou o prédio em chamas para chamar sua atenção,

o telhado de vidro estilhaçado,

a fragilidade escancarada que restaura a humildade.

Dizem que Deus escreve certo por linhas tortas...

na verdade, seu olhar é que estava enviesado.

 

Eu não estou aqui para te impedir, mas para te pedir

que antes de prosseguir, olhe por onde pisa:

suas pegadas denunciam que está andando em círculos.

Pare de repetir seus próprios passos,

pois o que te trouxe até aqui não vai mais te levar adiante.

 
 

Onde Nasce o Futuro, por Lucélia Oshiro

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