- Lucelia Oshiro
- 5 de dez. de 2023
- 1 min de leitura
Não quero ter saudade do futuro
de sonhos sonhados, de planos esquecidos
de histórias que poderiam ter acontecido.
Não quero ter saudade, no futuro
de ideias desfalecidas no papel
de esboços covardes, rascunhos hesitantes
ou poemas deletados na gaveta.
Saudade do passado é lembrança
saudade do futuro é remorso.
O presente é a conjugação mais simples
do verbo ser: "Eu sou”
e se sou, sou por inteiro
de uma inteireza que não se dilui
nem em tempos, nem em verbos
mas que se consolida nas escolhas
entre o afirmativo e o negativo.
Ou sou, ou não sou.
Negar o passado é banimento
negar o futuro é falta de fé
mas negar o presente é ingratidão.
Presente não se nega, se recebe
agradece-se e abre
e, é assim que a vida acontece.
O presente, é o tempo mais simples
e por isso, mais desperdiçado;
é o mais lúcido e honesto,
porém menos vivenciado.
Não terei saudade do futuro
porque o hoje me basta:
é no hoje que tudo acontece
que o mundo muda, e a vida vive!
- Lucelia Oshiro
- 4 de dez. de 2023
- 1 min de leitura
Não há beleza mais bonita
do que aquela que a gente cria
a gente inventa, imagina,
é assim que vamos indo.
O mundo não para
o tempo continua
mais um dia que começa
na verdade, é um dia a menos…
Todo dia a gente morre um pouco
mas também a cada dia
renasce quando acorda.
E no acorda-desperta
a poesia brinca de pique-esconde.
Esconderijo secreto
não é o sonho inacessível
mas a memória afetiva:
a quase-saudade, saudável sem dor.
A Poesia é esposa do Tempo
juntos eles inventam tudo:
- inventam beleza no impossível.
- Lucelia Oshiro
- 3 de dez. de 2023
- 1 min de leitura
Que tal uma boa prosa
com a Dona Poesia?
É uma senhora simpática
sorridente e elegante
que toma chá sem açúcar
e veste saia de tule.
Tem postura de bailarina
e uma voz de melodia
nas mãos, manchas de tinta
nos cabelos, mechas de sabedoria.
A Dona Poesia
é uma mulher encantadora
parece fada, meio bruxa
sabe o que fala, e diz o que você não vê.
Tem um olhar de calmaria
e um coração destemido
parece distante, parece não se importar
parece imponente, mas é simples
gente como a gente;
não é de gastar palavras
poucas e boas são suficientes
a Dona Poesia não se estende
prosa curta, sorriso largo
fala nas entrelinhas.